terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Rodrigo Sant'anna: "Nada é tão forte que te torne inabalável"


Rodrigo Sant'anna pode afirmar que hoje tem seu trabalho reconhecido na comédia brasileira. Seja na pele de Valéria, de Adelaide ou de outro personagem no Zorra Total, o ator caminha com passos firmes em sua trajetória, que começou em sua infância vivida no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro. Ciente de que chegou onde está por conta de seu esforço, Rodrigo não pretende parar tão cedo. Só pensa em trabalhar cada vez mais.
"A única maneira de tornar alguma coisa sólida é através do trabalho, que foi o que eu fiz até aqui. Então, é o que pretendo continuar fazendo da melhor maneira. Espero que eu tenha criatividade e que as pessoas continuem curtindo o que eu trago", torce.

O Fuxico: Após passar por uma trajetória difícil e, atualmente, ter seu trabalho reconhecido, como é olhar para trás e perceber tudo o que foi conquistado?

Rodrigo Sant'anna: Por mais que a gente tenha sensação de conquista, acho que, para cada coisa que você conquista, vem a sensação de que coisas novas surgiram a partir delas. São novas responsabilidades que eu não tinha lá atrás. Por mais que você perceba que conquistou algumas coisas, nada é tão forte e inabalável a ponto de deixar você seguro. A sensação que eu tenho é essa. Eu não estou tranquilo, estou feliz com as coisas que conquistei.

OF: Após batalhar bastante e trabalhar em empregos como entregador de panfleto e atendente de telemarketing, além de ter feito alguns cursos de teatro, em qual momento você percebeu que sua vida tomou outro rumo profissional?

RS: Foi com a peça Os Suburbanos, que eu fiz durante um bom tempo. Acho que foi quando os produtores da Globo viram meu trabalho pela primeira vez. Ali foi meu divisor de águas. E acho que o segundo momento foi a entrada para o Zorra Total.

OF: Você e Thalita Carauta, sua companheira de Zorra Total, já se conhecem há mais de dez anos e, inclusive, montaram juntos o espetáculo Os Suburbanos. Como é a relação de vocês hoje?

RS: É até engraçado porque a sensação das pessoas que veem de fora é de que a gente se conheceu a partir do trabalho e, na verdade, o trabalho é que surgiu a partir da intimidade que a gente já possuía antes. Acho que por isso tem tanta química na nossa relação em cena, porque é uma coisa que já existe fora. Nosso trabalho, principalmente na tevê, tem uma lente de aumento que é a câmara. Então, dificilmente a gente consegue fingir uma relação se ela não é agradável. Por mais que seja só trabalho, se a relação não for tão agradável quanto parece ser, pode ser muito bom ator que não vai conseguir esconder, acaba transparecendo.  

OF: Hoje, no Brasil, é possível identificar um espaço relevante dado à comédia nas produções de tevê. Existem muitas sátiras e até sua personagem Valéria já foi imitada pelo Pânico na Band. Você, como fã de Chico Anysio, enxerga de que forma o humor que é produzido no país? É inferior ao que era realizado na época dele?

RS: A gente tende sempre a lembrar com saudosismo de coisas que foram bacanas como se aquele fosse o melhor momento. A gente é assim até na violência. Falamos: "Hoje em dia, o mundo está tão violento. Antigamente, era tão mais seguro, a gente podia andar...". Não sei até que ponto isso é verdade. Existia o Madame Satã, na Lapa, que era uma figura extremamente violenta, e hoje não existe nenhuma figura desse porte. Acho que a gente sempre tende a colocar no passado as melhores coisas, eu não sei se é real. Não sei dizer se é melhor ou pior, acho que é esse o momento e vamos tentar fazer dele o melhor. Tem muita gente interessante no mercado.

OF: O Zorra Total já sofreu muitas críticas. Como você vê seu trabalho em relação a isso?

RS: O humor sempre sofreu críticas, também é uma questão histórica isso. Atualmente, vejo filmes que me agradam, que são de comédia, que eu rio e que, na minha opinião, cumpriram a função e, ainda assim, os críticos tendem a falar mal. Acho que os críticos gostam de coisas que fazem chorar, não sei qual é a onda deles. Acredito que o programa tem de atender ao público pelo qual ele é feito e acho que isso ele faz. Por isso a audiência tão grande que possui. Procuro fazer meu trabalho da maneira mais sincera que consigo. É meu papel enquanto ator. Independentemente de fazer humor ou não, é com verdade que eu posso chegar ao meu melhor resultado.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

'Valéria já foi convidada para ser Rainha de Bateria', conta Rodrigo Sant'anna

Rodrigo Sant'anna nos bastidores do Caldeirão do Huck (Foto: Caldeirão do Huck / TV Globo)

Rodrigo Sant'anna se inspira em pessoas que vê em torno de sua vizinhança no Morro dos Macacos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. No entanto, mesmo vivendo num dos lugares onde o samba impera, o ator não é muito ligado ao Carnaval. "Eu não sou um cara do samba, apesar de ter sido criado cercado por ele. Tenho trabalhado tanto que pretendo descansar em vez de desfilar no Carnaval", conta.
O mesmo já não se pode dizer de sua personagem Valéria, no ar no Zorra Total. Rodrigo contou nos bastidores do Caldeirão que sua personagem de maior repercussão já recebeu convites para desfilar na Sapucaí. "Uma vez uma escola de samba entrou em contato comigo e fiquei surpreso. Valéria já foi convidada para ser Rainha de Bateria!", diz. Mesmo não aceitando o convite, o ator não descarta a possibilidade de um dia ter um personagem ligado ao samba: "É um universo muito rico em personalidades e tipos que renderiam ótimos personagens".

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Para Rodrigo Sant'anna"

Divulgação


Criado no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, e no bairro de Quintino, o ator usou muito de sua história de vida para escrever Os Suburbanos, que levou à cena em 2005. Um sucesso, em cartaz por seis anos, a peça rendeu, primeiro, o convite para uma ponta em A Diarista. Depois de vê-lo no palco, Renato Aragão convocou-o para trabalhar em A Turma do Didi. Hoje, aos 31 anos, Rodrigo Sant’Anna acumula dois papéis criados por ele — Valéria e Adelaide, no humorístico Zorra Total —, além de duas participações em programas de rádio cariocas. No teatro, estrela o monólogo Comício Gargalhada, no Theatro Net Rio, e provoca risadas na pele do Burro em Shrek — O Musical, no Teatro João Caetano. Famoso no cinema, o jumento amigo do ogro é o primeiro personagem interpretado por Sant’Anna que não é de sua autoria. 

Você consegue se ver em um papel sério? Adoro o que faço, mas não gosto de me limitar. Apesar de eu já escrever comédia, o humor veio meio por acaso. Nunca me achei muito engraçado. Não era o palhaço da turma, sou muito tímido. Tenho bom humor e, eventualmente, sou brincalhão, mas não imaginava que fosse acabar trabalhando só com comédia. Hoje sou muito feliz fazendo humor. 

Sua atuação em Shrek tem sido muito elogiada. Como é atuar em um espetáculo com crianças na plateia? Está sendo uma experiência muito gratificante. E o Burro é tão carismático! Acho que ele, por si só, já tem características favoráveis para conquistar o público. O engraçado é que, quando recebi o convite para integrar o elenco da peça, eu respondi: "Obrigado! Não sei cantar". Nem conhecia a história. Na época, quando me chamaram, ainda pensei: "Que sacanagem! Querem que eu interprete um burro!". Depois, fui convencido a fazer o teste de voz. E agora estou lá, superfeliz.

Morro dos Macacos, Quintino e, agora, Ipanema. O que mais mudou na sua vida? Só o lugar onde moro e os locais que frequento. E cuido para que seja só isso mesmo, porque internamente nada pode mudar. É claro que hoje eu vou muito mais ao teatro, frequento restaurantes, às vezes até caros. Antes, eu comia joelho na pastelaria do chinês. Mas é só isso. Adoro praia, por exemplo, só que quase não consigo ir, embora esteja mais perto dela. No mais, tudo o que vivi foi importantíssimo, me ajudou a construir os personagens. Estar na Zona Sul me aproxima ainda mais do subúrbio, porque consigo enxergar claramente as dificuldades pelas quais a galera passa. E admiro muito a alegria dessas pessoas. Gosto de representá-las.

Entrevista com Rodrigo Sant'anna


Leonardo Uliana com sua equipe "Dez Minutos de Arte" entrevista Rodrigo Sant'anna. 



Fonte: http://dezminutosdearte.blogspot.com.br/