quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Entrevista com Rodrigo Sant'anna


Carioca criado no Morro dos Macacos, zona norte do Rio de Janeiro, de vida simples, porém muito observador, o tímido Rodrigo José Sant’Anna, 31 anos, hoje pode dizer que a vida sorriu para ele. Desde que foi escolhido pelo diretor da TV Globo Maurício Sherman para dar vida a tipos populares no humorístico Zorra Total, sua vida mudou. Hoje ele tem fama, conta bancária satisfatória e o melhor: muito trabalho pela frente. E em um bate-papo exclusivo com a revista Conta Mais, ele falou sobre seu passado, presente e futuro. Afinal, o próximo personagem será o burro, o melhor amigo de Shrek, no musical brasileiro que estreia dia 14, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Mais um entre tantos que surgem do meio do povo que ele sempre procura homenagear de modo a tornar dificuldades ou defeitos mais suaves por causa
do seu admirável humor.
Como surgiu a vocação para atuar?
Não sei, na adolescência começou a despertar essa vontade, para surpresa dos familiares, já que sempre fui tímido.
Você sempre comenta sobre sua infância difícil. Que privações passou?
Na verdade nada exagerado. Brincava com brinquedos da época, que faziam parte da minha realidade. Na ocasião, não havia essa conotação de ser realmente uma privação.
Você sempre se refere à sua mãe Ana Lúcia Sant’anna e a madrinha Solange Loureiro de Almeida com muito carinho. Que tipo de lições você aprendeu com elas?
Ser honesto em todos os tópicos e que a vida retorna o que você oferece a ela.
Você se considera ator ou humorista na essência?
Na verdade, sempre tive um problema em me considerar humorista, pois nunca soube fazer imitações, o que, pra mim, era imprescindível para um comediante.
Era esse o sucesso que esperava?
Era o que eu sonhei, mas não esperava...
De que forma a vida melhorou para você?
Estou podendo comprar quantos tênis eu quero.

Você conquistou aquilo que queria, em termo de bens materiais?
Acho que o ser humano nunca está satisfeito. Faz parte...
Podemos dizer que o Rodrigo está bem de vida?
Não, estou confortável.
Como é o assédio dos fãs?
Bem, sou tímido, mas sou grato por todo carinho que recebo. Ser perseguido pelos bordões é sinal de que as pessoas curtem.
O que o sucesso e a fama trouxeram de bom e de ruim?
Triplicou meu público no teatro, mas em alguns momentos tenho dificuldades de fazer coisas que gostaria, principalmente em outras cidades ou locais mais populares, porque sou mais conhecido.
O sucesso ajudou a lidar melhor com a mulherada? Elas dão mais em cima ou a cantada funciona melhor?
Não faço uso disso para me relacionar. A mulher tem que gostar de mim.

O que você tira do sério?
Erro não assumido.
Você sempre gostou de fazer personagens do tipo povão? E vem dando certo, né, Rodrigo?
Eu sou povão e eles são um reflexo do que eu sou. Meu humor vem muito do maneirismo e vou usá-lo até quando der. Aí penso em outra possibilidade. Mas, por enquanto, me agrada muito fazer humor dessa forma.
Hoje, o tipo povão é bem representado nas novelas e não é mais tão pejorativo como antes. O que acha desse destaque todo?
Agradeço a Deus, porque com minha cara ia ser difícil ganhar papeis de destaque nas novelas do Manuel Carlos.
Quais são seus planos profissionais? Pensa em fazer novela?
Eu penso em trabalhar onde me quiserem.
Você gostaria de ter um programa só seu, de humor?
Seria um desafio bem bacana ter um programa, mas Deus sabe a hora das coisas. Sou muito feliz no Zorra Total.

Para você, o humor tem limites?
É difícil falar de limites, pois são referências diferentes.
Valéria teve seu momento de consagração no Zorra Total. Agora é a vez da Adelaide. Quem a inspirou?
Minha avó (Adélia Rosa, que também gostou de um carinha que bebia igualzinho ao da personagem). É uma figura! Ela vive com uma atadura na perna, mancando por causa das varizes. Trouxe isso para a Adelaide, menos a bengala, para que a personagem fosse mais jovem.
Houve denúncias de racismo contra a personagem. Os autores do Zorra Total estão tendo mais cuidado com o texto dela?
Falo de gente pobre, feia, analfabeta, porque é o tipo de gente que convivi a vida inteira. São matéria-prima do meu trabalho. Pessoas das quais me orgulho, independente dos defeitos que tenham, e são homenageadas com humor. Graças a Deus todas as abordagens na rua são carinhosas.
Já rolou algo mais entre você e a Thalita Carauta (a Janete, do Zorra Total)?
Comentou-se muito isso na ocasião do surgimento da dupla. Mas não, somos amigos para sempre.

Dia 14 estreia, no Rio de Janeiro, a adaptação do musical Shrek. Como foi receber estê convite para viver o burro, amigo do personagem principal? Você foi o único ator convidado pela produção do espetáculo, que auditou mais de 2 mil artistas no país.
Foi uma surpresa. Eu nunca tinha visto nenhum dos filmes e não canto. Achei que fosse um personagem pequeno. Mas gostei do convite, porque é um papel que exige muito do humor. Por isso que aceitei. Não tem necessidade prioritária do canto, e sim do humor.
Mas você não canta nada, nem no banheiro?
Estou pisando em ovos, pois é uma região que não domino. Até brinco que se tiver de cantar vou ter de fazer uma terapia. Canto alguma coisinha, mas bem modestamente, no banheiro, tipo MPB.
Em que se inspirou para fazer o burro? O que o público pode esperar em mais este trabalho?
O burro é muito carismático, um pernagem incrível. Vou procurar trazer meu subúrbio, para o burro. Sempre busco isso, pois é minha marca e não gera desconforto.
Você acredita que vai agradar?
Não sei. Não tenho essa pretensão para afirmar se vai ser um sucesso, mas espero que haja aceitação do público e que se divirtam tanto quanto eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário