sábado, 10 de março de 2012

Rodrigo Sant’anna é um tímido, quem diria!



Você que é fã de Zorra Total, que vai ao ar aos sábados, na TV Globo, deve conhecer a personagem Valéria, a transexual que tornou conhecido o ator Rodrigo Sant’anna. Com desenvoltura, ele dá vida a um tipo caricato, divertido e que espalhou os bordões ‘Valéria, a bonita’ e ‘Ai, como eu tô bandida’. Valéria divide as atenções com Janete (Thalita Carauta), uma garota feia, mas que tem a autoestima na lua.

Aliás, Thalita é a diretora de Comício Gargalhada, comédia que Rodrigo apresenta no Teatro Coliseu, amanhã, às 18 e às 20 horas. É a oportunidade de o público da região ver de perto não só a Valéria (sem Janete, pois Thalita só dirige o espetáculo), mas outros personagens criados por Rodrigo, como o Admilson, que também é suceso no Zorra Total, a pedinte Adelaide, a cantora de axé Sara Menininha, o Frango de Padaria, o Homossexual Obeso e São Jorge. Todos estão a serviço da sátira que Rodrigo faz dos comícios eleitorais.

Com toda a exposição que obteve dá para acreditar que Rodrigo sofre de uma timidez atroz, capaz de travá-lo? Pois é. Mesmo agora, experiente e famoso, Rodrigo ainda sofre quando se vê diante dos atores da Globo ou de personalidades em geral.



Como assim?
Se a timidez é tão latente, como Rodrigo escolheu uma carreira em que o público é ao mesmo tempo o seu termômetro e o alvo de seu trabalho? Quando surgiu o desejo de enveredar pela arte de representar? “Não sei quando me despertou o desejo de ser ator, mas sei que a minha vontade de fazer teatro, atuar, foi forte o suficiente para superar minha timidez”.

Entretanto, na adolescência ele já sentia um certo interesse por representar. “Minha mãe se surpreendeu quando revelei a intenção de fazer teatro. Ela ficou espantada. ‘Como se você é tão tímido?’ Eu tinha vergonha até de dançar na festa junina da escola. Minha mãe adorava se exibir, vestia-se de Michael Jackson e de Xuxa para animar a criançada”.

Mesmo assim, aos 18 anos, entrou para o Tablado, mas começou a carreira participando de um projeto institucional promovido pelo governo do Rio de Janeiro, para educar as pessoas sobre o uso adequado do Metrô. “Fiquei um ano na escola e passei por quatro turmas diferentes. Foi lá que conheci a Thalita Carauta e decidi que queria ser ator”.

Falando assim parece que foi fácil, mas ele sofreu para engolir a timidez. “Eu subia no palco e travava, me pediam para fazer uma cena e eu ficava parado. Eu era ruim, travado. Subia no palco e não sabia o que fazer, ficava constrangido”.

Enfim, atuar era o que Rodrigo queria. “Sabia que era um trabalho que me daria prazer, só tinha que superar a timidez. No Tablado fui superando a trava e as coisas começaram a se definir”.

Origem humilde

Rodrigo nasceu no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, no Rio, onde viveu até os 18 anos, depois foi para Quintino e hoje vive na zona zul do Rio. Até que ponto as experiências vividas em Vila Isabel e em Quintino (subúrbio do Rio) influenciam seu trabalho? “Quando você está inserido no contexto não percebe a realidade. Quando assisti ao filme Tropa de Elite (o primeiro) eu tinha entre 24 e 25 anos. Saí do cinema em pânico ao perceber que tinha vivido tudo aquilo. Só fui ver o quanto era catastrófico quando saí do morro e tomei consciência do mundo, consciência que ganhou maior forma quando me voltei para a arte. No morro eu me alienava e os fatos não me incomodavam, nem atrapalhavam a minha rotina. Mas, sem dúvida, muito de meu material de criação hoje vem da minha infância no morro e da adolescência em Quintino, um bairro do subúrbio, também muito rico em tipos e personagens”.

Rotina

Hoje, Rodrigo se divide em a tevê, o teatro e o rádio. Depois de ficar em cartaz no Rio com Comício Gargalhada, ele agora excursiona com o espetáculo. “No último semestre de 2011, a rotina estava pesada, trabalhava de segunda a segunda. Antes disso, apresentava um outro espetáculo que dirigi, atuei e ainda ajudei a fazer os cenários. Não tinha folga. Mas estamos aí para o trabalho.

Na tevê deve vir novidades no Zorra Total, pois a Globo anunciou na última segunda-feira a estreia da pedinte Adelaide. “A Valéria e a Janete continuam, mas virão outros personagens”.

Zorra Total agrada ao público, mas a crítica é dura com o programa, cujo humor considera escrachado. “A crítica gosta de ser pejorativa. Recentemente assisti ao espetáculo A Vingança do Espelho: A História de Zezé Macedo e em determinado momento é falado que as chanchadas antigamente eram malvistas. Hoje são cult”.



http://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=139929&idDepartamento=12&idCategoria=

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