quinta-feira, 1 de março de 2012

Rodrigo Sant'anna relembra a infância em Vila Isabel.




Quem não conhece Caco Antibes (Miguel Falabella), Magda (Marisa Orth), Cassandra (Aracy Balabanian), Edileuza (Claudia Gimenez) e Ribamar, personagens do sitcom "Sai de Baixo", exibido na Globo entre 1996 e 2002, procure saber. Foram eles os responsáveis pela vontade de Rodrigo Sant'Anna de ser ator.- O "Sai de baixo" me levou ao teatro pela primeira vez. Fui ver a peça "O submarino", com Miguel Falabella, depois vi "A megera domada", com Marisa Orth, e decidi que era aquilo que eu queria fazer da vida - conta ele.
Sant'Anna tinha 18 anos e fazia faculdade de Turismo. Chegou a cursar Psicologia, mas largou tudo para fazer teatro, para o desespero da mãe, Ana Sant'Anna, corretora de seguros.
- Ela pagava o curso com muito esforço e achava que, como éramos pobres, a única chance de mudar de vida era estudar.
Brincando no parque, na TV e no teatro
Como a mãe e o pai (Francisco José, também corretor de seguros) trabalhavam muito para ajudar a sustentá-lo, Rodrigo Sant'Anna foi criado pela madrinha, Solange Loureiro, no Morro dos Macacos. E, quando criança, costumava andar de bicicleta pelas ruas do Grajaú, matar aula para jogar bola na Rua Dulce, na Tijuca (estudava no Colégio Pedro II) e brincar no parque Recanto do Trovador, em Vila Isabel. Uma espécie de quintal do morro, aonde ele fez questão de ir na visita ao bairro a convite do GLOBO-Tijuca.
- Vinha aqui brincar de pique e de queimado com meus amigos. A violência da região nunca me impediu de fazer nada - conta o ator, que, ao se deparar com o lago local, lembrou que passou por maus bocados ali. - Já caí nesse lago brincando de me equilibrar. Estava com meu pai e ele tomou o maior susto ao me ver lá dentro - revela, aos risos.
No parque, Sant'Anna foi reconhecido por alguns fãs. Rithyele Dantas e Kariane Oliveira, estudantes, deram um gritinho quando o viram e correram para pedir uma foto. Foram recebidas com simpatia.
- Ele é muito talentoso. E humilde, porque se fosse outro ia passar direto - elogia Rithyele.
- Eu sei imitar a Janete, olha - conta Kariane, fazendo a voz da personagem de Thalita Carauta, atriz que compõe com ele a dupla Valéria e Janete, sucesso do programa "Zorra total".
Os dois se conheceram quando faziam teatro no Tablado e acabaram virando amigos. Estavam juntos inclusive, encenado a peça "Os suburbanos", quando foram convidados pelo diretor do "Zorra total", Maurício Shermann, que estava na plateia, para participar do programa.
"Os suburbanos" foi realmente um marco na vida de Sant'Anna. O espetáculo, uma crônica bem-humorada sobre os moradores da periferia carioca, foi escrito e dirigido por ele. E foi para a peça que ele criou as personagens Valéria e Admilson, outro destaque do "Zorra".
- Tudo o que eu faço é inspirado no lugar onde eu vivi e na minha família. A minha mãe sempre foi muito extrovertida. Vestia-se de Xuxa em festas de aniversário, fazia versões de clipes de Michael Jackson. Eu morria de vergonha. Mas agora sou eu, né? - constata.
Quando estreou "Os suburbanos", em 2005, no teatro municipal Maria Clara Machado, na Gávea, a popularidade não era das melhores.
- Tivemos 20, 30 pessoas na plateia por um bom tempo. Já estávamos para desistir quando consegui que o Jefferson Lessa (crítico do GLOBO à ´época) fosse nos assistir. Ia toda semana à banca para ver se a crítica tinha sido publicada no jornal e nada - lembra o ator. - Quando desencanei, vi a matéria no Segundo Caderno, com o título "Uma observação arguta do subúrbio", e gelei. Não sabia o que era arguta (precisa), então não sabia se ele estava falando mal ou bem - diverte-se.
Ao ler no texto que o espetáculo era "uma pequena pérola da comédia", ficou mais tranquilo e viu a sala do teatro começar a encher.
O resto da história a gente já sabe. Ele foi parar no sofá do "Programa do Jô", no "Altas horas" com Serginho Groisman, no "Arquivo confidencial" do Faustão, tomou café com Ana Maria Braga no "Mais você", mas se emocionou mesmo ao gravar a vinheta de fim de ano da Rede Globo com os colegas de elenco.
- Eu via a vinheta em casa pela televisão e dizia à família e aos amigos que ainda ia beber champanhe ali - confessa.
A depender da qualidade do trabalho que vem apresentando, ele pode deixar a tacinha reservada. Além de estar preparando novas personagens para o "Zorra", o ator gravou uma participação no filme "Sorte grande", de Roberto Santucci, e está em cartaz com o espetáculo "Comício gargalhada", uma sátira ao discurso dos políticos.
A próxima apresentação de "Comício" vai ser amanhã, no Tijuca Tênis Clube (Rua Conde de Bonfim 451. Telefone: 3294-9300).

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